“Gênio Indomável” (Brasil), “O Bom Rebelde”(Portugal) ou “Good Will Hunting” no título é um drama lançado em 1997. O filme fala das dificuldades e transformações vivencias por um Will Hunting, um rebelde, gênio indomável da matemática, ao iniciar visitas a um terapeuta.
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Will Hunting, o Gênio Indomável
Will Hunting é um jovem pobre. Vive sozinho na periferia da cidade, num apartamento simples. Dorme em um colchão sobre o chão, rodeado de livros empilhados em um ambiente bagunçado. Contudo, do lado de fora, percebe-se vários móveis sendo desgastados pela ação do tempo. Seus amigos nunca entram em seu apartamento. Nem o mais próximo deles, Chuckie, que rotineiramente bate em sua porta e o leva de carona para seu trabalho. Apesar de sua simplicidade, Will passa suas horas livres estudando e trabalha como zelador em uma renomada universidade.
Nesta universidade ensina o Professor Gerald Lambeau, um renomado matemático, muito admirado por seus alunos. Este professor costuma deixar problemas em uma lousa no corredor da universidade. O aluno que resolver o problema, ganhará fama e reconhecimento. Inesperadamente, despertando a curiosidade de todos, o problema foi resolvido. Will anotara a resposta, de forma discreta, ao longo da noite. Durante a aula, nenhum de seus alunos assume autoria e o professor não compreende este anonimato. Afinal, aquele que assumisse a autoria ganharia fama e respeito.
Em resposta, o professor decide colocar um outro problema ainda mais difícil. Em seguida, o Gerald Lambeau e seu bolsista flagram zelador escrevendo na lousa do corredor. Em vão, tenta perseguí-lo e acaba descobrindo que aquele jovem é o que solucionara os problemas na lousa. Descobre, por fim, tratar-se de uma pessoa sob liberdade condicional.
Agressão, audiência e condenação do Gênio Indomável
Ao encontrar um desafeto dos seus tempos de escola, Will entra em uma briga. Agride a várias pessoas inclusive aos policiais que tentam segurá-lo. Por conta disso, foi novamente levado a responder perante um juiz. Durante a audiência, este percebe que o Will sempre faz sua própria defesa, demonstrando tanto conhecimento das leis, como da história do Direito. No entanto, mesmo sem ter formação específica para isso, sempre consegue liberdade. Deste modo, o juiz decide negar sua liberdade e deixa que ele seja conduzido à cadeia.
Por pedido do Professor Gerald Labeau, o juiz decide pela progressão da pena, trazendo Will de volta à liberdade condicional. A fim de mantê-lo solto, o professor deve cuidar da educação do jovem e levá-lo a um terapeuta duas vezes por semana. Will aceita ajudar o professor com a matemática, mas se nega a visitar um terapeuta.
Gerald Lambeau: o professor de sucesso e o fracasso na busca de um terapeuta para o Gênio Indomável
O professor Lambeau leva Will a alguns terapeutas conhecidos. O primeiro deles é famoso por participações em canais de televisão. Costumeiramente estava na mídia concedendo entrevista. Além disso, é autor de alguns livros. Apesar disso, segue uma abordagem muito diretiva, sempre afirmando o que o jovem deveria fazer. Will tenta a todo custo até que consegue irritá-lo. O terapeuta, por fim, desiste e se nega a continuar atendendo o garoto.
O segundo é um hipnólogo. Em uma sessão realizada na presença do professor e de seu estagiário, Will finge estar entrando em transe hipnótico. Entretanto, assume ser só fingimento e desdenha do terapeuta. Afirma que não precisa de terapia e, forma análoga à experiência anterior, o terapeuta se nega a voltar a atendê-lo.
Por fim, o professor Lambeau lembra de seu antigo colega de quarto: Sean Maguire, que havia largado a função de terapeuta e se dedicava principalmente ao ensino. Apesar de alguma resistência inicial, Sean Maguire abre uma exceção e aceita atender o jovem Will.
Sean Maguire: terapia e vínculo afetivo com o Gênio Indomável
É com Sean que a vinculação realmente acontece. Sean é o terapeuta que realmente valoriza a confiança e a não diretividade. Todavia, o início da relação dos dois é um tanto tortuoso. Por consequência desta dificuldade, o filme nos rende a sua cena mais tocante:
É a partir daqui que a relação de ajuda, a relação verdadeiramente terapêutica ganha o seu início. E não por acaso trago a resenha deste filme para cá. Aqui temos um excelente exemplo do que é viver a psicoterapia. Na medida em que a relação terapêutica avança, Will vai se permitindo, pouco a pouco, a investir afetivamente nas pessoas.
Há uma rixa entre o professor Gerald Lambeau e o psicólogo Sean Maguire. O professor quer que Will Hunting aproveite o dom que tem e deseja que ele seja levado para as melhores escolhas de emprego e de aproveitamento de seus dons. Por outro lado, o psicólogo espera ajudar Will a desenvolver sua autonomia e decidir por si próprio o que ele realmente deseja fazer de sua vida.
Nesse sentido, eu vejo aqui um gostinho do que é fazer terapia. Não se trata de seguir o que outras pessoas escolheram para nós, ainda que estas pessoas tenham feito isso desejando o nosso melhor. Pelo contrário, a terapia é o espaço de acolhimento, compreensão e respeito em que nos descobrimos, percebemos quem realmente somos, aprendemos a “morder a vida com mais gosto”. Apesar de eu ter te contado metade da história do filme, deixo aqui a ideia de que esse encontro entre Will Hunting e Sean Maguire foi só o início de grandes transformações. Por fim, convido a você a assistir ao filme com esse pensamento: como será fazer terapia?